Tudo verde. Um verde escuro... musgo. Onde
estou? Está tudo tão escuro... verde escuro musgo. Paredes pintadas. Uma
família pintada na parede, dadas as mãos. O pai com uma camisa e o símbolo da
paz. Onde está a paz, se tudo que vejo é verde, verde escuro musgo.
Gritos, esses gritos que habitualmente chamam
silêncio, choram pela madrugada. E ela ali, sem sonhos deitada numa cama... que
incrivelmente é verde, verde escuro musgo. Não sabe por que esta presa num
lugar verde como esse... e essas pessoas de verde?
- Você tem medo das pessoas de verde? Pergunta
alguém diante de uma pergunta fugaz e insistente.
- Vocês não vão tirar a minha família de mim,
né? Sem eles eu morreria... sem eles eu morro!!!
Há tristeza nas manhãs que geralmente são
verdes... porém o céu lá fora é magnifico e lindo, de um incrível azul que
contrasta com o imenso verde... verde escuro musgo. Dias de agonia. Como ela
foi parar ali? Sem entender, sem se ver e ser vista!
- Meus amigos... onde estão e por que essas
paredes são tão verdes???
Na verdura da imensidão do quarto, sozinha num
ponto verde mais claro, mais calmo ouve-se os gritos que tem as ondas verdes,
habituais e incessantes como o medo, que na imensa verdição é verde, verde
escuro musgo... Nem em momentos tão intensamente verdes, ela lembrava-se de
tanto verdor assim... Essa cor que lhe acompanha e lhe enlouquece.... Esse
verde que não lhe larga e quase lhe entristece...
Longe de tudo, longe das cores que só na rua
se encontram.... Essa cadeia verde, com pessoas que se vestem de verde... Um
lugar verde... Medo verde! Sem esperança, que por sinal é verde!