quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O relógio

O relógio parou... e aquela fita branca de aspecto envelhecido não muda. As coisas que tenho feito, os olhares pela janela, tudo parado e morto. Não sei o porquê de tudo estar assim tão branco acinzentado.
Essa tarde chorei, mas não houve uma gota de lágrimas. As vezes me pergunto, e as questões que surgem não me respondem nada... o relógio...
O relógio na parede não tem mais seu tic-tac habitual, as páginas do calendário estão intactas desde o ultimo olha na janela...
A janela parece um portal para coisas desconhecidas. Nem sei direito o que estou sentindo. As vezes parece que não sinto nada. O fato do relógio parado não me deixa sentir... eu apenas penso. Mas pensar não seria uma maneira de sentir?
Nesse momento, reparei que o relógio as vezes dá um tilintar como uma taça de vinho... mas nem o vermelho vinho faz escurecer essa imensidão de brancura que me adormece os olhos. Por falar em olhos, tenho sentido como se estivesse dormindo de olhos abertos. E quase consigo me ver dormir vigilante na imensidão branca...
Tenho que me escurecer ou deixarei de ser eu. A claridade não pertence a mim, não pertence a minha natureza. Sempre tive a ideia de ser uma pessoa noturna, mas como o relógio parou, também parou de escurecer... o sol se mantém, o céu sem mantém... não há mais luar, não há mais mistério. Você levou tudo!
Não quero viver nessa claridade eterna, em que o mundo é estático. 
Um pedido deve ser feito: Volte, relógio, e me deixe escurecer!