sábado, 18 de julho de 2015

Olhos de ressaca

Ler Machado sempre fora em mim um escape... sobre mim e em mim. Sinto, em suas obras, o que de mim não sei explicar, não sei exprimir!

Hoje eu tô de ressaca.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Recado à desilusão

Não sei demonstrar o que sinto
Não sei escrever
sempre metida a ler literatura
vejo que não sei Nada, 
que não aprendi

De que vale ter tantos livros
se não me ajudam a viver?
De que vale se não sei viver?

Olho o fim da manhã
e os pássaros a cantar
Para quê?
A única coisa que sei
não sei dizer

Sou a incompreendida
e o incompreensível
Vivo a questionar...

Achei, em dado momento, saber
Porém, mais uma vez, deparo-me com a decepção
Só que dessa vez é diferente
A decepção parte de mim
e apenas eu posso mudar o que está decepcionado

Ah, vida incompreensível
Se não fosses tu, linhas no papel em branco
Creio que teria desistido de mim.

sábado, 20 de junho de 2015

Certa manhã

Se eu chegasse a considerar a manhã igual a todas as outras, onde estaria aí a verdade?
Tenho visto coisas que realmente me alegram. Mas a alegria é um estado de alma, e passageiro e fugidio como todas as coisas são...
Acordei como de costume: do nada... no clímax do sonho: quando saberia a segunda Verdade. E a primeira, já não me lembro.
Pessoas morrem por verdades incontestáveis. No entanto, amar é uma verdade incontestável...
Esquecemos o Amor. Amor é uma Verdade....

sexta-feira, 19 de junho de 2015

A mosca



Em 24 de janeiro de 2010

Tempo, expressar meus sentimentos.
O que sinto? Meu coração....
Viver longe do que pensas
Existência.
Esse  zumbizar...
A me atordoar....
Coração despedaçado.
Queria, eu, poder amar livremente
Queria... não posso?

A vida entre aspas
Minha existência...
Loucura próxima
Surtos pródigos
Esse Zumbizar....
Minha mente.
Mosca do consciente!

Ler o amor



Escrito em 12 de março de 2010

Quantas são as letras do alfabeto do corpo amado?
Como soletrá-lo?
Como sabê-lo na ponta da língua? 
Tem 24 letras? 
Quantas letras estranhas,
estrangeiras nesse corpo.
Como achar o ponto G na cartilha de um corpo?
Quantas novas letras podem ser incorporadas nesta interminável e amorosa alfabetização?
Movido pelo amor, pela paixão, pode, o corpo, falar idiomas que antes desconhecia?
Cansaço....

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dia de alguém que não importa

Hoje é um dia, como aqueles em que tu sai e voltas para casa esperando algo. No meu caso eram apenas tapiocas com café. Nem sei, ao menos, se buscava isso. Mas está bom, por hoje. 
O mundo aqui fora anda meio louco. O que me conforta é que ele sempre fora assim e nada, absolutamente nada mudou ou mudará.
Vez ou outra uma pessoa nova aparece. E ela vem aqui para conversarmos. Talvez coisas triviais do tipo "Aceita um copo d'água?", "Está gostando da cidade?" e afins... Não espero muito das pessoas. Não mais. Já esperei tanto delas... hoje sou como quase uma observadora do comportamento humano (muito embora eu também seja humana e observe meu próprio comportamento).
Nessas andanças de ônibus pela cidade, eis-me o espanto: "ela ainda é a mesma!"
Não importa o tanto que se busque, nunca há um final, a não ser no derradeiro destino do fim. Nem sei o porquê de isso ter me vindo a mente nesse momento...
Os meus pensamentos se misturam, as vezes, mas a vida é assim, não é mesmo? Um emaranhado de pensamentos avulsos que tentamos colar com a razão?
Já me perdi e ainda não me achei... Não foi a viagem do ônibus apenas, o espaço-tempo me encolhe e se recolhe a todo o instante... Talvez eu nunca me ache!
Eis os motivos da minha não esperança na humanidade...

terça-feira, 12 de maio de 2015

Conto inacabado

Um esboço de lembrança ou nada disso


A vida, meu bem, também é dormir!


Imagens em corte. Era apenas isso que lembrava Irene. Sem nem ao menos saber se o que lembrara era realmente o que acontecera. Nem ao certo tinha convicção se o que estava a pensar realmente era lembrança ou algo criado por si mesma no momento de aflição.


Irene tinha imaginação fértil, acometera em alguns pensamentos em revelia, nem sabia ao certo se era mesmo essa a quem chamavam por seu nome. Talvez houvesse um só momento em que este acaso de confusão a fizera. Não entendeu se se fez Irene ou era apenas nome de batismo. No entanto, sua dificuldade em entender os pensamentos, fossem eles reais ou não, não a impedira de pensar.


Cheguemos, portanto, ao fato propriamente dito: Ao ser acordada pelo namorado, Irene ficou espantada. Ele relatou o seguinte fato: Saíste pela porta, com a roupa de dormir. Chegaste à portaria e nem disseste nada. Saíste em direção ninguém sabe onde, salvo algumas imagens suas pela madrugada em cinco lugares diferentes, na cidade...”


E dito isso, calou-se esperando algo que deveria ser dito e não foi. O momento de apreensão se tornou maior ao passo que o silencio tomava conta do ambiente. O homem um tanto quanto estupefato pelo silencio ensurdecedor do lugar, lembrara, de ouvir certa vez que não há nada mais barulhento e ensurdecedor que o silencio.


Saiu.


Irene então suspirou, como se houvesse prendido a respiração por muito tempo, tempo este em que o namorado se encontrava a seu lado. Não se deu conta de que estava a sujar a cama com as sandálias cheias de barro fresco, nem de que estava a transpirar como se houvesse feito longa caminhada...


Fora de seus ouvidos e longe de sua presença, todos estavam abismados a comentar o ocorrido da noite medonha. Houve quem dissesse que estava possuída por forças mal-intencionadas, a ponto de levá-la a morte ou a qualquer lugar pior que o inferno. Outros afirmaram com veemência que, apesar de não esboçar qualquer fala dava uns suspiros, quase como gemido de dor, coisa espantosa visto que não parecia nem dormindo, nem acordada. Apesar do fato insólito, muitos deram explicação nem tão científicas, nem tão ignorantes, “Apenas uma sonambula, isso é normal!, afirmou o porteiro do prédio, ao que as beatas ouviam já de terço na mão, quase certas que o padre precisaria de ajuda para o exorcismo que se anunciava.


No entanto, Irene em nada se atemorizava. Longe de todos, ainda na claridade da manhã, no quarto, finalmente se deu conta de que estava a sujar toda a cama e a si mesma, e num lapso lembrou-se de que sonhara a noite passada que passava por um matagal, às escuras, a procura de sei lá o quê, ou de sei lá quem.


Imensa manhã


No começo, tudo parecia muito estranho. Não tinha mais medo, apesar da loucura que havia sido aquela noite. Seus pensamentos um tanto quanto confusos, e um cansaço mais descomunal como de costume... seus olhos ardiam, sua cabeça doía... uma dor insuportável parecia tragá-la por completo... no entanto, Irene não conseguia chorar, nem rir... Eram sentimentos confusos e ininterruptos, uma sensação sufocante...


Seu namorado não entendia muito bem, mas apesar de tudo tentava compreender... mesmo não sendo o melhor dos homens, buscava ser o melhor para ela. De nada adiantava, no entanto.


Enquanto isso, o murmúrio de pessoas no prédio aumentava... já era possível ouvir a preparação do exorcismo, apesar na distancia da casa com a guarita... todos comentavam que era necessário ser algo urgente e inevitável.


Porém, Irene, apesar do mal-estar aparente, não se sentia tão mal assim... apenas a confusão do quarto lhe deixava mais e mais confusa com o turbilhão de informações desencontradas da noite sinistra...


Toca a campainha...


Irene, sozinha, abre a porta e como num jato lhe vem, aos olhos, a água benta... Tudo aquilo lhe dava a sensação de estranheza, mais profunda que, até então, a noite lhe causara... e começou a agitar-se como se o próprio demônio e suas legiões estivessem entrado em seu corpo... No entanto não tinha vozes mil, nem subiu pelas paredes como nos filmes de exorcismo que assistira na infância... apenas ficou com medo, um medo sincero de que aquilo fosse, de algum modo, lhe fazer mal... e quanto mais tentava sair dali, mais se envolvia no enredo das possessões.


- Aqui, Cristo não está!


O encontro


Irene não se reconheceu ao olhar-se no espelho. Tinha medo de si mesma. Parecia outra pessoa triste a olhar para ela. Percebeu que é muito triste ter pena de si mesma...


A cidade a sufocava e isso sempre fora um problema. Mesmo que o problema fosse algo um tanto quanto fugaz. O coração batia, sentia seu coração... mas morria um pouco todos os dias. O que seria a vida senão isso: Uma morte?!


Se ouvia vozes ou se eram as vozes que a ouviam, não sabia.. sentia mais medo que desespero, ou, as vezes, o reverso. Os ruídos cada hora mais rápidos, as horas seguindo cada vez mais depressa... o ouvido que dói e cala naqueles momentos de angustia parecem lhe reprimir mais e mais... nunca percebera que já estava condenada a buscar aquilo que não se sabe, aquilo que morre dentro da gente todos os dias...


- A loucura não é pior dos males... encontrá-la, certamente é a maior benção do universo! E digo com sinceridade: Sei a verdade e sou feliz!



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O relógio

O relógio parou... e aquela fita branca de aspecto envelhecido não muda. As coisas que tenho feito, os olhares pela janela, tudo parado e morto. Não sei o porquê de tudo estar assim tão branco acinzentado.
Essa tarde chorei, mas não houve uma gota de lágrimas. As vezes me pergunto, e as questões que surgem não me respondem nada... o relógio...
O relógio na parede não tem mais seu tic-tac habitual, as páginas do calendário estão intactas desde o ultimo olha na janela...
A janela parece um portal para coisas desconhecidas. Nem sei direito o que estou sentindo. As vezes parece que não sinto nada. O fato do relógio parado não me deixa sentir... eu apenas penso. Mas pensar não seria uma maneira de sentir?
Nesse momento, reparei que o relógio as vezes dá um tilintar como uma taça de vinho... mas nem o vermelho vinho faz escurecer essa imensidão de brancura que me adormece os olhos. Por falar em olhos, tenho sentido como se estivesse dormindo de olhos abertos. E quase consigo me ver dormir vigilante na imensidão branca...
Tenho que me escurecer ou deixarei de ser eu. A claridade não pertence a mim, não pertence a minha natureza. Sempre tive a ideia de ser uma pessoa noturna, mas como o relógio parou, também parou de escurecer... o sol se mantém, o céu sem mantém... não há mais luar, não há mais mistério. Você levou tudo!
Não quero viver nessa claridade eterna, em que o mundo é estático. 
Um pedido deve ser feito: Volte, relógio, e me deixe escurecer!